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O projeto NAL coloca no centro do nosso olhar a leitura. Os processos de compreensão que elaboramos ao longo do tempo, (desde 1948 ano de edição das obras em exposição) destacam o contexto e as sobreposições de sentidos, o que formulamos hoje em dia a partir do que foi produzido e pensado para as crianças do início do século XIX.

As obras são uma forma de protestar às tamanhas reduções das leituras  e discursos que as tecnologias têm propiciado, às redes sociais que descontextualizam fatos e enfatizam imagens, montagens e colagens direcionando sentidos.

A intervenção nos dias de hoje em livros para crianças de Monteiro Lobato, escritos em 1948, coloca em exposição a leitura, os processos de compreensão que elaboramos, em sobreposições de sentidos, em livros que foram pensados para as crianças do início do século XIX.

Reconhecer no campo científico as evoluções dos estudos linguísticos, psicológicos e neurológicos no processo de leitura e compreensão da realidade, e a  possibilidade de controlar uma visão de mundo neste momento histórico propício para a diversidade de linguagens, culturas  e expressões é reduzir os discursos e desconsiderar as grandes narrativas.

 

O contexto de criação das intervenções no livro ocorreu antes que houvessem as eleições para presidente em 2018 no  Brasil, e a preocupante característica de uso das redes, possibilidades de interações tecnológicas que desarticulam o contexto das falas além das fakenews.

Desde 2017 no Rio de Janeiro, o fim de livrarias, bibliotecas, marcaram essa mudança significativa de hábitos, de meios de circulação e produção da escrita, tanto literatura quanto teoria ou memórias.

O minimalismo, e até certo ponto, senso comum das figuras de crianças que mergulham em livros, diferencia o trabalho que vigora no mundo de esculturas em livros como os de Su Blackwell, pois, como o trabalho da escultora, o objeto livro é colocado em destaque, com usos  e desusos que fazemos deles hoje. Porém pensar no interesse pela leitura, o descolamento da contextualização e pelos discursos que formam as narrativas do real, são bases para a necessidade de apresentação do concreto do livro, nas quatro dimensões e não apenas fotos.

 

Além disso, refletir sobre o que foi escolhido para a leitura das crianças do início do século é pensar nos adultos que formam o Brasil hoje e quais reflexos e releituras possíveis formamos hoje em dia.

 

Em abril de 2019 foram feitas para a exposição outras obras que enfatizavam o meio, chamadas de jardim, na procura de mimetizar a natureza a fim de não esquecer de si nesse processo de mudança, instabilidade e incerteza daquele ano.

No Brasil hoje, a importância das redes sociais, seja como expressão, seja como polemização, traz a tona os espaços de internet como locais onde se dá a micropolítica. Cede espaço para o artista midiático, por isso a importância da ação enquanto professora.

Neste trabalho o objeto livro é colocado em destaque, enfatizando a leitura o necessário olhar para a produção de conhecimentos que muitas vezes, desconsidera as raízes, o que fundamenta as ideias presentes em cada texto.

Refletir sobre o interesse pela leitura, o descolamento da contextualização e os discursos que formam as narrativas do real, são bases para um trabalho sobre o acesso a leitura de mundo e a leitura significativa de livros.

A exposição de livros e fotos aproxima a leitura possibilitada por Artur Barrio e firma a importância de apresentação do objeto livro do que foi produzido para a formação das crianças do início do século XX e refletir sobre os adultos que fazem o Brasil de hoje.

 

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